Por Márcio Miranda
Especialista em Conteúdo do Sistema Anglo de Ensino
A avaliação escolar deve orientar o trabalho pedagógico em sala de aula. Atualmente, serve para corrigir rumos, ou seja, orientar professores na tomada de decisões que encaminham e determinam os processos educacionais desenvolvidos coletivamente com os alunos.
Diferentemente do modelo ultrapassado de classificação e rotulação, que servia como instrumento de coerção e controle coletivos, hoje, muitas das estratégias de avaliação que estão disponíveis aos professores servem como uma referência ao desejável. Em outras palavras, objetivos claros de avaliação determinam características, posturas, procedimentos e articulações entre conceitos que são esperados dos alunos ao final de um processo qualquer de aprendizagem.
Por esta razão, as estratégias de avaliação estão intimamente ligadas aos objetivos do trabalho proposto pelo professor, isto é, elas estão conectadas com as intenções conscientes e, às vezes, inconscientes do trabalho pedagógico. Observar, aplicar provas, solicitar relatos e redações ou anotar o desempenho dos alunos durante a apresentação de um seminário são maneiras de avaliar o processo de aprendizagem.
Mesmo durante uma aula expositiva dialógica, na qual o professor questiona coletivamente os alunos enquanto apresenta um corpo teórico, ele avalia o entendimento do grupo sobre o tema e, mesmo que inconscientemente, realiza escolhas a todo instante que orientam sua próxima fala ou intervenção.
De acordo com Mere Abramowicz, professora e pesquisadora em Avaliação e Currículo na pós-graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, “a avaliação deve ser encarada como reorientação para uma aprendizagem melhor e para a melhoria do sistema de ensino”. Por isso, a avaliação é, além do ponto de chegada almejado ao final do trabalho pedagógico, o ponto de partida do trabalho docente. Ao ser negociada com os alunos esclarecendo critérios, a avaliação serve como instrumento de aprendizagem, coloca os alunos como parceiros dos professores, deixa explícito o que é desejável, o que é esperado e o que deve ser alcançado ao término de uma etapa específica do trabalho.
Mas ainda restam as perguntas: o que fazer com todos os dados levantados após a avaliação? Como devo apresentar os dados? A quem interessam essas informações? Questões estas que serão discutidas no próximo texto sobre avaliação.